Não sou pessoa para fazer grandes balanços e introspeções, no entanto este ano foi diferente; foi um ano de dúvidas e reflexões, de procura e descobertas; nunca me questionei tanto sobre quem sou, o que faço e para onde vou como neste ano; nunca tinha feito esta viagem ao interior de mim mesma ( que ainda não terminou - será que alguma vez vai terminar ? ... ), nunca me tinha sentido tão desconfortável ao analisar o que ia descobrindo, como quem arruma uma gaveta e ao olhar para um determinado objeto não sabe o que fazer com ele; pensa para que serviu aquilo, se ainda faz falta, se ainda me identifico, se é para guardar ou deitar fora ...
Deitei muita coisa fora e guardei muitas novas, que descobri e com as quais me identifico e que vão mais ao encontro daquilo que acredito que é a minha essência enquanto pessoa e que gostaria de acolher na minha vida e na da minha família.
Até agora vivi e aceitei sem sobressaltos o que a vida me trouxe, ou melhor dizendo aquilo que fiz dela, mas nós, inevitavelmente, mudamos, crescemos e seguimos outros caminhos; de repente aquilo que fazia sentido quando tínhamos 20 anos não faz mais sentido quando temos 30 ou 40 anos ...
Sinto que estou a chegar a um ponto de viragem; neste novo ano que se aproxima vou continuar esta descoberta, este que está a terminar serviu para delinear um esboço daquilo que eu gostaria que fizesse parte da minha vida num futuro próximo.
Vou continuar a organizar a gaveta do presente e a gaveta do futuro. Na 1ª quero muito aprender a viver o momento presente e aceitar com serenidade o que, para já, não posso mudar; estar inteira para a minha família; viver experiências que me façam feliz mas tentar também proporcionar vivências felizes e enriquecedoras às minhas filhas e dedicar-me com o empenho e o carinho que as crianças que estão na minha sala merecem.
Na 2ª vou guardando ideias, estilos de vida, experiências, que vou recolhendo aqui e ali e com as quais me identifico nesta fase da minha vida e que gostaria de implementar; há coisas que posso introduzir já no presente, há outras que acredito que implementarei no futuro.
Entretanto vou continuar atenta " à eterna novidade do mundo " e vou fazer um esforço para que as sombras que a doença do meu pai fazem pairar sobre nós enquanto família não consigam obscurecer o que realmente importa, que é o amor que sentimos uns pelos outros, é esse amor, essa luz , esse calor que eu quero alimentar e manter entre nós.
Feliz Ano Novo !
" O futuro é apenas uma maravilhosa interrogação; o seu alvoroço tem o sabor salgado e excitante da luta, o que virá será sempre bom e terrível, mas sempre qualquer coisa imprevisível que vale a pena ser vivida ".
Fernando Namora