Ontem chorei, chorei como já há muito tempo não chorava; chorei porque disse coisas feias às minhas filhas, fui má, as palavras saiam da minha boca e eu arrepiava-me com o que dizia mas continuava a vomitar mais coisas feias que eu sabia que as estava a magoar... olharam para mim com um olhar de desilusão e viraram-me as costas em silêncio.
Fiquei sozinha na cozinha e chorei convulsivamente ... elas não têm a culpa da mãe se sentir frustrada com a vida que leva, elas não têm a culpa da mãe se sentir revoltada com a doença do avô delas, elas não têm a culpa de alguns amigos da mãe a desiludirem, elas não têm a culpa da mãe estar com o spm ... elas são as pessoas mais importantes, preciosas e puras da minha vida, não há ninguém que eu ame mais no mundo que as minhas filhas e hoje fui tão má só porque uma estava a chorar porque eu comi o pacote de bolachas todo e a outra estava a chorar porque queria o Riscas ( o Riscas foi esterilizado e ainda estava na clínica ).
Chorei tudo , limpei as lágrimas, lavei a cara e fui pedir desculpa, expliquei porque reagi daquela maneira, que fui má e injusta e que lamentava tanto o que lhes tinha dito, a mais velha começou a chorar e disse que me amava, a mais nova abriu os braços e eu abri os meus e aconcheguei-as no meu peito com um amor imenso.
Sei que não sou perfeita, nem como pessoa nem como mãe, espero que hoje tenha aprendido uma lição: por muito zangados que estejamos com a vida, devemos olhar sempre sempre para os nossos filhos com amor e não devemos deixar a raiva e a frustração falarem mais alto; devemos respirar fundo, pedir um momento, sair do mesmo espaço mas não descarregar em quem não tem culpa de nada e em quem no fundo traz o sol quando as nuvens teimam em ficar.
Depois fizemos um bolo, deixei-as partirem os ovos e pôr todos os outros ingredientes, mexiam à vez e estavam tão felizes por fazerem o bolo sozinhas. Quando verti o bolo para a forma deixei uma generosa camada de massa na taça para elas lamberem, senti um aperto no coração e lembrei-me destas palavras.
Depois fizemos um bolo, deixei-as partirem os ovos e pôr todos os outros ingredientes, mexiam à vez e estavam tão felizes por fazerem o bolo sozinhas. Quando verti o bolo para a forma deixei uma generosa camada de massa na taça para elas lamberem, senti um aperto no coração e lembrei-me destas palavras.