domingo, 30 de março de 2014

As desculpas evitam-se

Ontem chorei, chorei como já há muito tempo não chorava; chorei porque disse coisas feias às minhas filhas, fui má, as palavras saiam da minha boca e eu arrepiava-me com o que dizia mas continuava a vomitar mais coisas feias que eu sabia que as estava a magoar... olharam para mim com um olhar de desilusão e viraram-me as costas em silêncio.
Fiquei sozinha na cozinha e chorei convulsivamente ... elas não têm a culpa da mãe se sentir frustrada com a vida que leva, elas não têm a culpa da mãe se sentir revoltada com a doença do avô delas, elas não têm a culpa de alguns amigos da mãe a desiludirem, elas não têm a culpa da mãe estar com o spm ... elas são as pessoas mais importantes, preciosas e puras da minha vida, não há ninguém que eu ame mais no mundo que as minhas filhas e hoje fui tão má só porque uma estava a chorar porque eu comi o pacote de bolachas todo e a outra estava a chorar porque queria o Riscas ( o Riscas foi esterilizado e ainda estava na clínica ).
Chorei tudo , limpei as lágrimas, lavei a cara e fui pedir desculpa, expliquei porque reagi daquela maneira, que fui má e injusta e que lamentava tanto o que lhes tinha dito, a mais velha começou a chorar e disse que me amava, a mais nova abriu os braços e eu abri os meus e aconcheguei-as no meu peito com um amor imenso.
Sei que não sou perfeita, nem como pessoa nem como mãe, espero que hoje tenha aprendido uma lição: por muito zangados que estejamos com a vida, devemos olhar sempre sempre para os nossos filhos com amor e não devemos deixar a raiva e a frustração falarem mais alto; devemos respirar fundo, pedir um momento, sair do mesmo espaço mas não descarregar em quem não tem culpa de nada e em quem no fundo traz o sol quando as nuvens teimam em ficar.
Depois fizemos um bolo, deixei-as partirem os ovos e pôr todos os outros ingredientes, mexiam à vez e estavam tão felizes por fazerem o bolo sozinhas. Quando verti o bolo para a forma deixei uma generosa camada de massa na taça para elas lamberem, senti um aperto no coração e lembrei-me destas palavras.


quarta-feira, 26 de março de 2014

Eu, as redes sociais e outras coisas que tais

De momento mantenho apenas o blogue e o facebook. Do 1º retiro imenso prazer ao partilhar temas e fotos com os quais me identifico e sinceramente acho que acaba por ser um exercício estimulante pois acho que estou muito mais atenta ao que me rodeia e, embora não escreva nada por aí além, o simples acto de escrever obriga-me a reflectir um pouco mais sobre determinados assuntos o que me leva a conhecer-me um pouco melhor e a "conhecer"  pessoas simples, bonitas e inspiradoras, cada uma à sua maneira, e de facto , de momento a blogosfera é o que me suscita mais interesse e é onde passo a maior parte do tempo online.
O Facebook permite-me manter um contacto mais estreito com amigos que moram longe e com os quais consigo manter aquelas conversas parvas e banais que alimentam aquela cumplicidade entre amigos e que de outra maneira acredito que se perderia, mas não sou uma pessoa muito activa até porque a minha profissão não me permite estar online durante o expediente ;)
Depois há o Pinterest, o Instagram, o Linkedin, O Google + e eu sei lá que mais ...
Tenho resistido muito ao universo Pinterest, receio perder-me lá colecionando imagens bonitas, acho que deve ser uma espiral viciante e embora por vezes veja uma ou outra página prefiro manter-me afastada da tentação !
Sobre o Instagram, quando a minha máquina esteve avariada, recorri algumas vezes a esta plataforma mas não é de todo a mesma coisa, não gostava do resultado e sinceramente acho um bocado exagerado esta febre de registar tudo tudo tudo ... what's de point anyway ? Não sei, ainda não entranhei ...
E de resto acho que há demasiados "satélites" virtuais à nossa volta, muito barulho, muitas luzes, muita informação e eu acho que já passo demasiado tempo no computador só com estas distracções que mencionei e a verdade é que há uma vida lá fora para ser vivida ;)








segunda-feira, 24 de março de 2014

Lisboa ilustrada

Este fim de semana na livraria Bertrand vi este livro e gostei tanto.



Depois passei pela loja do Gato Preto e apaixonei-me por este serviço...




E entretanto, neste blogue, fiquei a conhecer o trabalho do ilustrador Tiago Albuquerque.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Ter o pasmo essencial ...

Dias mais longos, temperaturas amenas, céu azul e sol a brilhar ... estes dias assim fazem-me bem, dão-me outro ânimo para saltar da cama e fazer coisas!
A Primavera tem este poder regenerador, parece que acordamos de um longo sono e vemos as coisas pela 1ª vez; o chilreio dos pássaros faz-nos esboçar um sorriso, as tenras folhinhas verdes que vão despontando nos ramos e as árvores cheias de florzinhas brancas ou rosa fazem-nos parar e pasmar com tamanha beleza e delicadeza, ocorre-me apenas uma palavra : overwhelming !
" Na língua inglesa soa sempre bem " :)






Fernando Pessoa outra vez ... sempre ...

    O meu olhar é nítido como um girassol.
    Tenho o costume de andar pelas estradas
    Olhando para a direita e para a esquerda,
    E de vez em quando olhando para trás...
    E o que vejo a cada momento
    É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
    E eu sei dar por isso muito bem...
    Sei ter o pasmo essencial
    Que tem uma criança se, ao nascer,
    Reparasse que nascera deveras...
    Sinto-me nascido a cada momento
    Para a eterna novidade do Mundo (...) 
    Alberto Caeiro



quarta-feira, 19 de março de 2014

DIY - Dia do Pai

Hoje decidi partilhar o trabalhinho que fizemos lá no colégio para oferecer no dia do pai.
A ideia não é minha mas achei-a engraçada e muito fácil de fazer.



 Material necessário :

- caneta bic
- pasta de modelar branca
- rolo da massa
- papel vegetal
- tintas
- cartolina

- Com o rolo da massa estende-se um bocado de pasta de modelar em cima de papel vegetal até ficarmos com um rectângulo com aproximadamente 1/2 mm de espessura.
-Coloca-se a caneta em cima da pasta e enrola-se um pouco até unir as duas margens da pasta .
-Com as mãos rolamos a caneta em cima do papel vegetal para uniformizar a pasta e tirar o excesso.
-Tapamos o topo da caneta com a pasta e batemos cuidadosamente em cima da mesa para ficar achatado.
-Ajeitamos com os dedos a pasta ao pé do bico.
-Deixa-se secar e depois pinta-se !
Quem quiser pode fazer este pequeno suporte em cartolina ;)

terça-feira, 18 de março de 2014

O meu blog é neutro de CO2

No meu dia a dia tento ter presente o que posso fazer de forma a reduzir a minha pegada ecológica no planeta : aplico a regra dos 3 r's ( reduzir, reciclar e reutilizar); as minhas filhas são educadas de forma a também elas terem consciência de que pequenos gestos no dia a dia podem fazer a diferença a longo prazo e aproveito o facto de ser educadora para sensibilizar os meninos (e também os pais) para as questões ambientais; não sou uma grande activista mas acredito que se todos fizermos um pouco nas nossas casas e na nossa comunidade isso refletir-se-à num futuro mais limpo e sustentável .
Outro dia ao ler este blogue achei interessante esta campanha , li e aderi.
Convido-vos a visitar o site onde poderão perceber como funciona e saber como podem participar.






segunda-feira, 17 de março de 2014

Bipolaridades decorativas

Reconheço os benefícios do minimalismo, cá em casa já implementei algumas medidas e de facto no que diz respeito à organização e à limpeza a manutenção torna-se muito mais fácil.
No entanto não aspiro ser minimalista, sempre gostei de tralhas, especialmente velharias, e gosto de casas, antigas ou não, citadinas ou de campo, com aspecto vivido, com móveis antigos, com quadros, caixas e livros, canecas e bules, vasos e jarras, sofás cheios de almofadas e tapetes confortáveis,  flores, pedrinhas, vidros e pinhas nos parapeitos; gosto de casas com patine que transmitem conforto e onde cada objecto conta uma história.
Mas, também gosto de casas despojadas e luminosas, com traços urbanos e apontamentos naturais, com objectos e texteis com design contemporâneo, com um ar clean que transmitam tranquilidade ...
Enfim, pode ser uma casa de campo cheia de tralha e um apartamento clean na cidade aqui para a mesa do canto faxavôre!







Estas imagens foram retiradas do último nº da revista Country Living ( ou será da Country Homes?) e são um exemplo daquilo que acabei de descrever, casas completamente distintas mas com as quais me identifico.

sexta-feira, 14 de março de 2014

DIY - Just do it!

Como educadora de infância passo grande parte do meu tempo em actividades de expressão plástica com os miúdos e, embora goste muito, quando chego a casa e penso em pôr em práctica outros projectos que também envolvem manualidades, acabo por deixar para "amanhã" e os dias vão-se passando e as ideias não passam disso mesmo ...
As minhas caixas têm estado completamente em stand by; olho para os papéis, penso no que gostaria de fazer mas tem-me faltado aquele impulso para pegar nas coisas e começar a fazer.
Outra coisa que também já andava há meses para fazer eram estas folhas de que gostei muito e que mostrei aqui em Novembro, a ideia era fazer algumas para oferecer no Natal, mas o mês de Dezembro acabou por ser um pouco instável para mim e acabei por não fazer nada.
Mas ontem de manhã, ao apreciar algumas folhas lá na horta, pensei que não ia passar deste dia sem que eu experimentasse este DIY, e assim foi, é um projecto facílimo, super rápido e com resultados muito satisfatórios ( pelo menos para mim )!




Agora tenho de experimentar com outras folhas!
Não sei se a deixo assim ou se a pinto ... alguma sugestão?



terça-feira, 11 de março de 2014

Teoria da conspiração?

Começo a desconfiar que sim. Na semana passada organizei as coisas lá no Colégio com antecedência e falei com quem comigo trabalha de forma a poder tirar uma tarde só para mim, guess what? a minha filha mais nova voltou a adoecer tal e qual o outro dia -_-
Pretendia ir a Lisboa dar um passeio pelos alfarrabistas e também dar um pulinho a uma daquelas lojas castiças onde se vendem sementes... enfim, o tiro saiu ao lado ( como sempre) e cá estou eu em casa a tratar da pimpolha ... felizmente que sob o efeito do benurom ela regressa à normalidade :)


Aproveitei para dobrar a pilha de cuecas e meias que há mais de uma semana me andava a assombrar o roupeiro, tratei da loiça (antes era um frete lavar, agora é um frete tirar e pôr a loiça na máquina ... nunca estamos satisfeitos !)



Depois apercebi-me que já não tínhamos pão, vi se ainda havia farinha na despensa e espero que por daqui a uma hora possa ter pão quente para o lanche.
Também já só temos um iogurte, logo à noite a ver se faço mais!
Este tipo de tarefa dá-me um especial prazer, com a inspiração com que estava quis fazer um bolo com a pimpolha mas já não tinha ovos... pensei que um dia será só ir à capoeira buscar um ovo, ou ir à horta buscar os legumes para a sopa e a fruta para encher a fruteira; até lá vou fazendo o pouco que está ao meu alcance e sempre tenho a sorte de ter uns pais que volta e meia nos presenteiam com uma caixa de ovos das galinhas deles e um sogro com uma hortinha de onde saem frutas e legumes frescos e saudáveis !
Amanhã vamos plantar favas !


domingo, 9 de março de 2014

Histórias do Marmeleiro

Ontem, aos mostrar algumas fotografias do Marmeleiro a umas primas do meu marido que vieram do Brasil ( sobrinhas do meu sogro cujos irmãos emigraram para este país), apercebi-me que não cheguei a partilhar aqui uma fotografia que na altura tirei e sobre a qual há uma história que eu achei muito engraçada.
Embora a Guarda seja a cidade mais alta de Portugal não se encontram moinhos de vento como aqui pela zona Oeste; penso que os cereais eram moídos sobretudo nas azenhas.
Quando lá estivemos o meu sogro quis ir cumprimentar um familiar, também ele já na casa dos 80; ao lado da casa onde ele actualmente vive, ainda existe a casa dos pais dele, onde o meu sogro costumava ir, e então, ao lado da porta principal, ainda lá se encontra uma mó onde os pais deste senhor moíam os seus próprios cereais e produziam a sua farinha sem terem de recorrer ao moleiro.
Achei um piadão pois nunca tinha visto assim uma "mó caseira", uma espécie de processador da altura, onde se moía a farinha e se fazia o pão no forno lá de casa sem perder muito tempo!








quinta-feira, 6 de março de 2014

Março

Aposto que também temos uma espécie de sementinha dentro de nós que começa a germinar assim que o sol decide aparecer com mais assiduidade, deve ser o tal sentimento telúrico de que Miguel Torga falava, que nos dá vontade de pôr as mãos na terra e restabelecer aquele contacto ancestral que foi interrompido pelo Inverno.
Na terça quando acordei e vi que estava sol fui impelida para o terraço e lá passei boa parte da manhã; os bolbos das tupilas, frésias, muscaris e narcisos plantados no Outono já começaram a germinar, mondei as ervas daninhas da maior parte dos vasos e mudei-os de lugar, onde antes estavam abrigados da chuva estão agora colocados ao sol; comecei a pensar no que gostaria de plantar este ano no terraço; o Almanaque Borda D'Água diz que no mês de Março é altura de semear na horta: abóbora, beterraba, couves, nabiça, ervilha, espinafre, feijão, melancia, melão, pepino, salsa, tomate etc
E no jardim : amores perfeitos, cravos, crisântemos, dálias, bocas de lobo e chagas.
Lá na horta o meu sogro costuma semear quase tudo, eu este ano gostava de semear abóboras e cenouras lá no Chão Verde porque ambos dão-se muito bem em terrenos arenosos; quanto às flores vou experimentar as dálias.
 O problema é que não sou só eu que ando com vontade de jardinar, o meu amigo Riscas tem andado maluco aos saltos por entre os vasos; já no Outono quando plantei os bolbos tive de inventar umas proteções com as grelhas do grelhador e aquela prateleira do micro-ondas para ele não remexer a terra  mas tenho de pensar noutras soluções porque ele mesmo assim consegue enfiar as patinhas e escaranfunchar onde não deve ...






terça-feira, 4 de março de 2014

Carnaval III

O bom do Carnaval são as memórias que me trazem. Já fui muito feliz no Carnaval, sobretudo na minha infância, mas também me diverti muito na adolescência; agora o Carnaval só é assinalado cá em casa por causa das minhas filhas, elas gostam e eu faço questão de tentar comprar/fazer o fato que elas gostariam de usar nesta data, vê-las felizes faz-me feliz e embora o Carnaval de hoje em dia nada tenha a ver com o Carnaval da minha infância tento adaptar-me e " dançar consoante a música"...
Hoje, assim que dei a 1ª dentada na filhós que trouxe de casa dos meus pais, senti um baque no peito ( mesmo) e por um nanosegundo vi a minha avó Preciosa a bater a massa das filhoses com as duas mãos no grande alguidar de barro.
É curioso, que na aldeia onde cresci ( zona saloia ) não havia o hábito de fazer filhoses e outros fritos tradicionais no Natal, a única altura em que se faziam filhoses era no Carnaval, então lembro-me de ir com a minha mãe para casa da minha avó vê-las a fazer filhoses.
Lembro-me de ver a minha avó a preparar a massa, depois fazia o sinal da cruz com as mãos em cima da massa e dizia qualquer coisa como: " Deus te acrescente, para mim e para a minha gente." e cobria o alguidar com mantas e  cobertores; horas depois a massa tinha duplicado o seu tamanho e depois acrescentava os outros ingredientes concluindo-se a receita.
Procurei saber a origem desta tradição mas não descobri grande coisa, apenas que também nalgumas ilhas dos Açores e no Nordeste brasileiro é tradição fazer filhoses no Carnaval.
Infelizmente só me lembrei de fazer este post depois de comermos as filhoses por isso as imagens que tirei são deste livro onde podem encontrar receitas tradicionais da zona de Sintra, assim como as suas origens.






Tenho a acrescentar que as da minha avó ( e as que agora as senhoras da igreja fazem) têm melhor aspecto, em forma de nuvem e com aquela textura e sabor das farturas :)

domingo, 2 de março de 2014

Por aqui

Sábado, 7 da manhã, a pimpolha acorda na nossa cama, é cedo mas já nenhum de nós tem sono, brincamos um pouco às tendas debaixo do lençol; levantamo-nos e tomamos o pequeno almoço, lá fora o céu está forrado a cinzento, volto para a cama com as minhas revistas, o gato vai ter comigo; é sábado, que bom, respiro fundo e sinto paz .
Com calma, hoje sem aspirador, limpo a casa e trato da roupa.
Gosto das manhãs e gostava de as prolongar o mais possível, mas são horas de almoçar, elas reclamam, não querem esperar, vamos almoçar.
Almoçamos e reclamo outra manhã para mim; leio, vejo os meus programas e blogues favoritos, vou lanchar ao café das pimpolhas,como uma fatia de tarte de chocolate com morangos e bebo chocolate com café ( elas é que sabem!); a tarde passa, a noite chega, o pai vai ter com os amigos ao sítio do costume, elas adormeceram as duas na cama da mais velha, aconchego-as, fico só com o gato em silêncio, estes dias assim fazem-me bem.
Domingo, dia de almoço com amigos, mais uma limpeza, faz-se uma torta de laranja, o meu marido chega com as compras e traz flores (tulipas rosa), preparamos o almoço ( arroz de pato), está tudo pronto, chegam os amigos, conversamos e comemos e de repente já são 7 h ... como o tempo voa quando a companhia é boa ... despedimo-nos, tenho a cozinha toda virada do avesso; com calma tudo volta ao seu lugar, dá trabalho sim mas partilhar estes momentos com pessoas de quem gostamos faz-me questionar porque não nos encontramos mais vezes ...
Foi um bom fim de semana, amanhã trabalho mas 3ª fico em casa, afinal a vida são dois dias e o carnaval são três ... valha-nos isso.