domingo, 14 de setembro de 2014

Reflexões

Cá estamos nós nas vésperas de mais um regresso às aulas. Já fui à reunião, já comprei o material escolar e amanhã lá vou eu deixar a mais velha na escola, enquanto a pequenita vai comigo para o Colégio ( este ano está outra vez comigo).
Na reunião a professora lembrou-nos que este ano vai ser particularmente exigente pois lá para Maio temos os Exames do 4º ano ...
What's the point?? A sério. Cada vez mais me questiono sobre o nosso sistema educativo; eu sei que basicamente sempre foi assim, com algumas nuances desde o tempo dos nossos pais, mas basicamente o objectivo é empinar matéria, quase como se fossemos uns gansos a sermos preparados para nos tornarmos em foi gras !
É esta imagem que ultimamente me persegue, a minha filha com um funil nos ouvidos e a professora a debitar matéria até o cérebro dela se transformar em papa ...
Ela gosta de andar na escola, ela gosta da professora, até tem boas notas, mas é demasiada matéria demasiadamente formatada, sem dar margem absolutamente nenhuma à criatividade, sem dar azo a que se coloquem questões e quando estas são colocadas a resposta é só uma : o programa é este, a matéria é esta e tu tens de aprender! E aprender é muito mais do que isto, aliás aprender nem tem nada a ver com isto ... mas isso daria aqui pano para mangas!!
Eu própria estou enleada nesta teia, porque sou educadora de infância, e nos últimos anos a educação pré escolar tem sofrido uma pressão tremenda para ficar cada vez mais escolarizada, e curiosamente essa pressão vem por parte dos pais; cada vez mais se exige que as crianças aprendam a escrever, a ler e a fazer cálculos matemáticos desde tenra idade, desvalorizando-se a importância de brincar, de observar, de questionar, de criar ...
É tão mais fácil compactuarmos com o sistema... quando chegou a altura da minha filha mais velha ir para o 1º ano nem equacionei outra alternativa mas agora tenho reflectido tanto sobre o assunto, até porque a mais nova vai fazer quatro anos e em breve chegará a altura de também ela ingressar no 1º ciclo...
No nosso país o ensino doméstico é já uma realidade ( rara) nalgumas famílias, mas, um pequeno parênteses,  isso implica que um dos pais fique em casa enquanto o outro vá trabalhar de forma a terem uma fonte de rendimento o que no nosso país é um bocadinho complicado para o comum dos mortais... mas, voltando ao assunto, pelo que sei também estas crianças têm de fazer os exames, logo têm obrigatoriamente de aprender as matérias; no entanto a margem de manobra é incomparavelmente maior quando se ensina em casa, o ritmo é outro, as linguagens são outras, há a possibilidade de se explorarem outras temáticas das mais diversas maneiras e a troca de saberes dá-se de uma forma muito mais estreita, pessoal, humana e não de forma autómata como se dá nas nossas escolas, mesmo que os professores sejam pessoas incríveis, como é o caso da professora da minha filha, mas isso não basta pois não ?



Deixo-vos aqui dois exemplos de homeschooling, um nacional e outro internacional. Sigo ambos os blogues nos quais, além do ensino doméstico, são abordados muitos outros temas interessantes.


Fica ainda aqui o link para a Associação MEL que defende e promove formas alternativas de educar os nossos filhos.







3 comentários:

  1. Nem imaginas como concordo contigo. Tenho pensado muito na escola, já que para o ano, apenas 3 semanas depois de fazer 4 anos o Enzo começa a escola primária. Aqui é assim e apesar de ser o “reception year”, há currículo a cumprir e aprender a ler, escrever, contar, etc. è demasiado cedo e está-me a dar um pouco volta à cabeça. Principalmente porque quando voltei a trabalhar escolhemos uma creche Montessori para o Enzo e simplesmente adoro. Gosto do método, gosto da liberdade que cada criança tem para explorar o que gosta, gosto da aprendizagem através da natureza…enfim. Ele adora e tem-se desenvolvido tanto, está confiante e mais destemido (ele é introvertido e não muito aventureiro). A creche apoiou imenso o desenvolvimento das duas línguas e até cheguei a levar listas de palavras em Português, para que ele se sentisse apoiado e confiante.

    Tal como tu acho que o ensino formal (aí e aqui, é basicamente o mesmo) é demasiado formatado, demasiado opressor…

    Desculpa o desabafo gigante!
    margarida

    ResponderEliminar
  2. Ora essa Margarida, tenho muito gosto em saber a tua opinião :)
    Compreendo as tuas preocupações; pela minha experiência há de facto crianças que até com 3 anos começam a demonstrar interesse pelas letras e números mas nem todos são assim e reger todos pela mesma bitola parece-me contraproducente ...
    Conheces a pedagogia Waldorf?
    Beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Conheço a pedagogia Waldorf e apesar de ter coisas em comum com a Montessori, continuo a preferir o método Montessori (deve ser a minha veia de cientista que me faz preferir Montessori). O Enzo interessou-se por letras e números muito cedo, mas neste momento está menos interessado. Ele tem uma grande capacidade de concentração, senta-se e fica mesmo concentrado nas actividades, ouve e aprende facilmente o que ouve. Mas emocionalmente e socialmente ainda o acho muito imaturo para entrar na vida da escola! 4 anos é muito muito cedo!
      beijinhos

      Eliminar