sábado, 26 de maio de 2012

Tempos de mudança

Cresci numa aldeia na zona do Oeste, os meus pais, e quase toda a gente da aldeia e das redondezas, tinham um terreno onde cultivavam os seus próprios legumes.
Nos anos 80 havia campos com vinhas, com cereais e campos com batatas, cebolas e couves; entretanto os nossos avós foram falecendo e muitas dessas vinhas e desses campos foram ficando abandonados; à medida que os nossos pais vão envelhecendo também muitos desses quintais ficam por cultivar e é este o cenário um pouco por todo o país ...
Mas actualmente esse cenário está a mudar, cada vez se vê mais jovens a mudarem-se para o campo, recuperando terrenos de família ou comprando os seus próprios terrenos e recomeçando uma nova vida mais ligada à terra; uns fazem-no porque simplesmente estão saturados da vida citadina outros porque perderam tudo e esta é a única luz ao fundo do túnel.
As razões são tantas quantas as pessoas que decidem dedicar-se à terra, seja em menor ou maior escala.
Embora a " crise " seja uma das grandes responsáveis por esta mudança, não deixa de ser curioso que numa fase tão díficil que todos nós atravessamos, essa mesma crise nos dê a oportunidade de recomeçar, de tirar da gaveta aquele plano B que tínhamos medo de pôr em práctica .
O nosso país é um país maioritariamente rural e com imensos recursos e potencialidades a nível agrícola, turístico etc e é uma pena desperdiçá-lo .
Enfim isto são só reflexões superficiais de um assunto que merece bem mais atenção mas acho que o velho provébio " A necessidade aguça o engenho " faz todo o sentido  nos tempos que correm.
Isto para dizer que me enche de satisfação ver cada vez mais pessoas a plantar as suas alfaces, tomates e morangos na varanda; de assistir à proliferação das hortas urbanas,  que o arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles sempre defendeu, e que tantas tantas vantagens trazem, não só a quem está directamente envolvido como também às própras cidades, (sejam elas organizadas em talhões cedidos por empresas ou pelas próprias câmaras ou à beira do IC19); de ver jovens empreendedores a investir na plantação de ervas aromáticas ou mirtilos que na sua grande maioria tem de ser importados porque cá não há.
A todas essas pessoas um aplauso ! Acho que este é mesmo o caminho :)


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