sábado, 26 de outubro de 2013

Eu e os outros

Esta semana tem-me sido particularmente difícil ... e mais difícil é quando racionalmente achamos que até nem temos razão de queixa mas no fundo sentimo-nos tristes e fracos por calar aquele grito que quer sair, por não termos coragem de dar um murro na mesa, por baixarmos a cabeça e aceitar o que os outros acabam por decidir por nós " para o bem de todos ".
Quando por fim as palavras que tenho cá dentro a queimar saem cá para fora mas em troca recebo um " pois percebo, mas agora não é o tempo , não podes pensar só em ti  há quem esteja a contar connosco ."
Pois ... não é o tempo ... os outros contam connosco ... mas não vai ser sempre assim ? Não vai haver sempre alguém que conta connosco ? E nós onde ficamos ?
Já há muito tempo que sei dentro de mim que a minha profissão já não me preenche e com muita tristeza, pois tenho uma profissão tão bonita; tem-me sido difícil de suportar, sinto-me fisicamente mal ... ao fim do dia quando faço o balanço do dia, o momento mais feliz que me vem à cabeça foi quando andei a varrer as folhas no recreio ... e isto quer dizer alguma coisa não ?
O Colégio vai conseguir continuar a funcionar por, pelo menos, mais um ano ( e isso devia deixar-me feliz e só faz com que eu me sinta pior, cheia de remorsos e mixed feelings, por secretamente ter desejado que o colégio fechasse e eu pudesse seguir outro rumo ) no entanto não há crianças para encher as duas salas, portanto ou saía eu ou a minha colega. Eu queria sair , mas todos decidiram que não , que não podia ser eu a sair , que tinha de ser a outra educadora ( ela também quer sair ) e eu tenho de ficar ...
Mas não são só as espectativas dos outros no local de trabalho, é também em casa com o marido e as filhas, é com a família e os amigos; parece que há sempre alguém que espera algo de nós, que nos comportemos de uma determinada maneira que é esperado que nos coloquemos em 2º, 3º , 4º plano, é este peso das espectativas dos outros sobre os ombros que me faz murchar um pouco todos os dias por dentro, cansa !
No fundo, acham uma verdadeira tolice estas minhas "teorias", questionam-me mesmo se eu estou a falar a sério, que são utopias, ideias infantis e que os tempos não estão para brincadeiras que são exigidos sacrifícios a todos e que agora se levantam bandeiras mais importantes ... e eu calo-me e baixo a minha ...










Ontem, no Facebook , a Adriana partilhou um cartoon muito giro que ilustra muito bem esta sensação que, infelizmente, muitos nós partilhamos.



10 comentários:

  1. Sei bem como é, pensarmos sempre nos outros antes de pensarmos em nós, até porque, quando é o contrário acaba por nem ser assim. As pessoas no geral pensam em si e nem se lembram quando alguém pensou nelas antes.
    Vamos aprendendo a pensar mais em nós, mas é dificil quando temos responsabilidades, gente que depende de nós e acaba sempre por ser a mesma coisa... compreendo-te bem...

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  2. Fiz a salada com os dióspiros e ficou muito boa. Eu tenho dois diópireiros. e um deles dá uns dióspiros mais rijos, que chamam diópsiros de roer. Usei esses porque os outros desfazem-se muito. Mas gostei muito, quem é adepto de agridoce gosta de certeza.
    beijinhos

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    1. Também prefiro os de roer. Mas quanto à salada não sei não ... parece que agora não me apetece comer saladas frias :p
      Obrigada ! Beijinhos :)

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  3. Nós crescemos a ouvir falar em segurança e estabilidade e no fundo ninguém nos prepara para a insegurança e o improvável....quando no fundo bem sabemos que a vida dá muitas voltas e só não dá mais porque por vezes temos medo de sair da nossa "zona de conforto"- que o é cada vez menos. Também gostava de conseguir dar o muro na mesa...vou dando algumas palmadas ;-)

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    1. temos de ir aprendendo a lidar com estas contrariedades e frustrações ... pode ser que um dia ganhe coragem e vire a mesa de uma vez ;)

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  4. O egoísmo dos outros é baseado no medo, e nem eles sabem. Tudo na vida tem um verso e um verso, uma acção e uma consequência. Eu sou, sempre fui, de me atirar de cabeça. Mas sempre fui travado por tudo isso que referes. Hoje, estou livre e presa. Livre porque não tenho ninguém que me trave. Presa, porque tenho uma filha que, invevitavelmente, me prende. Ainda assim, continuo a sentir que vale sempre o esforço e o risco....

    força e um abraço forte que atenue o turbilhão interno
    (hei-de escrever-te sobre isto...um destes dias)

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    1. Gostava muito de ler as tuas impressões a este respeito .
      Obrigada Rosa ! Beijinhos

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  5. Sabes que te compreendo-te bem! Partilho contigo desse dilema, entre o desejar algo que, nos tempos que correm, parece ingrato perante tantas pessoas que desejariam estar no meu lugar... Mas o importante é lutarmos pela nossa felicidade, e essa não se mede por padrões pré-estabelecidos por ninguém! A própria sociedade está a mudar, e a prova é que surgem cada vez mais manifestações de insatisfação, como o cartoon que partilhei.
    Todos os dias luto um bocadinho para ir de encontro aos meus próprios padrões, mas sei que a marcha é muito lenta. Desespero muitas vezes, mas tem-me valido uma fé inabalável de que vou conseguir, e não hei-de levar a vida toda a tentar! O importante é não parar de tentar! O mais difícil é lutarmos connosco próprias, com a pressão que nos impomos por causa dos outros, mas se treinarmos diariamente, nas pequenas decisões, mais cedo ou mais tarde vamos dar o passo e o resto virá naturalmente, os outros acabarão por te aceitar, ao ver-te feliz! Não estás sozinha e não desistas, transforma esse desespero em força para continuar a remar contra a maré, vais ver que a recompensa virá :)
    Beijinhos

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    1. Obrigada Adriana ! Gostei tanto de ler o que escreveste; devolveu-me alguma fé que às vezes me falta e me faz perder o norte ...
      Um grande abraço e obrigada pelas palavras :*

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