Era assim que a minha avó paterna nos chamava, a mim e à minha irmã.
Agora no lar, com os seus 91 anos, parece-me um passarinho perdido enfiada no seu cadeirão; fala-me de tempos longínquos e de pessoas que já cá não estão há muitos muitos anos; troca os graus de parentesco todos mas quando lhe pergunto quem sou eu, olha para mim com ar de espanto e responde-me com grande admiração :" És a Dulce! Quem é que havias de ser! Pensas que eu estou pateta? Eu não estou pateta!"
A velhice pode ser muito triste; o coração bate, o ar ainda entra e sai do peito, mas basicamente é isso ; o corpo já não responde, a mente a maior parte das vezes divaga num passado longínquo, onde a realidade se confunde com a imaginação mas onde , de alguma forma, ela se agarrou para continuar a viver, na casa dela, com as amigas dela, na aldeia dela, na vida que foi dela mas que agora já só existe na sua cabecinha ...
Voa gaivotazita, voa .
É-me familiar a situação. um beijinho grande!
ResponderEliminarOla
ResponderEliminarUma linda semana para você!
abraço
Maria Alice
já trabalhei com idosos e é muito triste quando o nosso corpo deixa de responder, principalmente se estivermos lúcidos... resta mesmo a nossa mente, essa leva-nos aonde quisermos:) e ainda bem:)
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